Gol: isolado na liderança das vendas

sábado, 18 de setembro de 2010


No ano de seu lançamento, em 1980, o Gol chegava ao mercado nas versões básica e L. Trazia equipamentos considerados inovadores para a época, como o opcional cinto de segurança de três pontos. O modelo, porém, não conseguiu arrebatar os corações dos consumidores logo de cara por conta de seu fraco desempenho, apesar de ser um carro de menos de 800 quilos.

Em fevereiro de 1981, a gama se estendia às configurações S e LS, dotadas de motor de 1,6 litro que chegava aos 56 cv graças a dois carburadores. Três meses depois, a família começou a crescer com a chegada do sedã Voyage e, no ano seguinte, foi a vez da perua Parati e da picape Saveiro ganharem as ruas brasileiras.

A família “quadrada” sofreu retoques estéticos e poucas alterações mecânicas até a sua renovação mais ousada, que deu origem a uma segunda geração, no final de 1994. Mais conhecido por Gol “bola”, o modelo chegava para bater de frente com o Chevrolet Corsa, a sensação do momento. Cinco anos mais tarde, surge a geração III, que era nada mais que a mesma carroceria com a frente, traseira, para-choques e painel modificados. Essa linha perdurou até 2005 com a chegada da Geração IV, a menos “carismática” até então.

Pioneiro

Apesar de toda a sua simplicidade, o Gol foi o primeiro carro nacional a adotar o sistema de injeção eletrônica, em 1989, na versão esportiva GTI (o sonho de dez entre dez jovens da época), que utilizava o motor de 2,0 litros de 112 cv emprestado do Santana. Além disso, foi também o primeiro modelo de fabricação em série a oferecer o sistema bicombustível, em 2003.

Comercializado no País há quase 30 anos, o Gol é um automóvel que conquistou a confiança dos motoristas por causa de sua robustez e pela fama de manutenção barata, mas, com a chegada de concorrentes mais modernos, o modelo se viu ameaçado, principalmente pelo Fiat Palio, lançado em 1996. Tanto que o modelo da marca italiana ainda o persegue na corrida pelo primeiro lugar no mercado de compactos. Nos segmentos de perua e picapes pequenas, a Parati e a Saveiro foram superadas pela Palio Weekend e Strada, respectivamente.

No primeiro semestre de 2008, a Volkswagen lançou a quinta geração do carro mais vendido do Brasil. Totalmente reformulado, o Gol se despediu do antigo bloco AP de 1,6 litro (instalado longitudinalmente e que ocupava espaço na cabine) e tomou emprestada a plataforma PQ24 e o propulsor VHT de 1.6 do Polo, enquanto o motor de 1,0 litro veio do Fox e a suspensão dianteira e a barra de direção vieram do Seat Ibiza. Esteticamente, pouco (ou quase nada) lembra os modelos “quadrados” e “bolinha” das gerações anteriores.

O upgrade no Gol realmente ajudou a mantê-lo no topo, pois para se ter uma ideia, o compacto vendeu 25.355 unidades em agosto, acumulando 195.350 carros em 2009, enquanto o Palio comercializou 17.182 no último mês, totalizando 132.673 no ano, de acordo com dados da Fenabrave.


E a quinta geração, como anda?


A Geração IV ainda é comercializada apenas na versão básica com motor de 1,0 litro flex a partir de R$ 24.630, enquanto a Geração V chega ao consumidor em sua configuração mais simples por R$ 27.590, oferecendo poucos equipamentos de série, como banco do motorista com regulagem de altura, tomada 12 volts e para-sóis com espelhos.

Diferentemente das outras gerações, que pouco prezavam pelo bom acabamento e conforto, o novo Gol exibe materiais plásticos de boa qualidade e peças bem encaixadas, mas o que chama a atenção mesmo é o cuidado que a Volkswagen teve na hora de confeccionar os botões e os aros dos difusores do ar-condicionado e as maçanetas internas pintadas com uma tinta prateada com aparência acetinada.

O iCarros testou a versão de 1,0 litro flex de 72 cv quando abastecido com gasolina e 76 cv com álcool, equipado com o pacote Trend. Farois de neblina, chave do tipo canivete, direção hidráulica, ar-condicionado, vidros, travas e retrovisores externos com regulagem elétrica, duplo airbag, freios com ABS e computador de bordo, além do sistema de áudio com CD player com MP3 e entrada USB, acolhem os cinco ocupantes, mas as dimensões do habitáculo do Gol são mais apropriadas para quatro pessoas.

Graças ao conjunto mecânico bem acertado, o Gol é um automóvel agradável de dirigir, já que oferece boa ergonomia, com volante de boa empunhadura e alavanca de mudanças de marchas com engates curtos e precisos. No trânsito urbano, o bloco de 1,0 litro proporciona bom desempenho e baixo nível de ruído. Em contrapartida, na estrada, o trem de força nega fôlego quando é preciso fazer uma ultrapassagem ou enfrentar um aclive, exigindo constantes reduções de marchas. O destaque fica por conta da boa estabilidade e firmeza que a suspensão transmite para quem está ao volante.

Sim, o Gol ainda é um carro simples, porém aprendeu como melhorar com seus rivais e incorporou qualidades como a boa dirigibilidade de seu irmão Polo. Pode não ser o melhor Volkswagen já fabricado, mas nem por isso devemos deixar de lado virtudes como a boa estabilidade e, principalmente, sua resistência, fator determinante para que se tornasse um dos carros mais queridos pelos brasileiros.

Afinal, num mercado como o brasileiro, o que mais importa para a maior parcela consumidora é a acessibilidade ao produto e, consequentemente, a durabilidade e o custo benefício. Os números comprovam que o Gol ainda segue distante da concorrência, assim como um centroavante que se isola na artilharia de um campeonato anotando mais gols que os jogadores adversários.

Texto e fotos: Guilherme Silva / Fonte: iCarros

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